Resumo |
ACTD/MO/LCSS1 Luís Celestino de Sousa e Silva fala do seu enquadramento familiar, da atividade profissional do pai e dos períodos de férias passados com familiares e em contacto com a natureza. Refere as circunstâncias em que decide matricular-se no curso de ciências geológicas, em 1956, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e da falta de preparação que sentiu face à entrada no mercado de trabalho. Em 1961 surge a oportunidade de se ver integrado na Junta de Investigações do Ultramar, LEPPU. Menciona o primeiro trabalho realizado sobre o estudo dos macro fósseis do Devónico, na Guiné-Bissau. Entre 1967 e 1975 articulou a investigação com a docência de aulas práticas de mineralogia e petrologia. Fala da equipa adstrita ao LEPPU e das atividades científicas desenvolvidas no terreno e no laboratório. A convite do Professor Carlos Teixeira vai trabalhar para Moçambique, na Brigada de Geologia e Prospeção Mineira da Missão de Fomento e Povoamento do Zambeze, em 1962. Faz o relato das dificuldades encontradas no terreno, na região de Tete, e na formação recebida sobre manuseamento de armas. Entre os trabalhos realizados destaca a observação de anomalias magnéticas detetadas por vôos em missões anteriores. Descreve o bom relacionamento com a população nativa e a natureza do trabalho feito no terreno: observação de mineralizações, recolhas de amostras de rochas para posterior análise laboratorial. Fala da 2ª Missão em Moçambique, na região do Chioco, onde trabalhou na prospeção e pesquisa de fluorite e do apoio necessário de pessoal, da alimentação fornecida, o que representava o abate de animais selvagens para consumo. O recrutamento do pessoal nativo era feito no início da missão, com a ajuda do Chefe de Posto. ACTD/MO/LCSS2 Luís Celestino de Sousa e Silva refere que na 1ª campanha em Angola (1965), participou nos levantamentos geológicos alcalino-carbonatíticos com o objetivo de compreender a génese das rochas. Explica como foram fundamentais os conhecimentos teóricos que o Professor Matos Alves lhe transmitiu sobre as rochas, o que viria a influenciar as atividades que desenvolveu posteriormente, enquanto geólogo petrógrafo. Na Serra do Tchivira, a equipa detetou fragmentos de quartzo, associados a um fenómeno de fenitização. A sul do Lubango, em Angola, procedeu a trabalhos de cartografia geológica numa cooperação entre o Laboratório de Estudos Petrológicos e Paleontológicos do Ultramar e o Instituto de Investigação Científica de Angola, no complexo gabro-anortosítico do sudoeste africano, explicando a sua importância e dificuldades sentidas no trabalho de campo, em parte, resultantes de uma duplicação de trabalho entre os Serviços de Geologia e Minas de Angola e o Instituto de Investigação Científica de Angola. Luís Celestino fala da sua experiência na docência entre 1967 e 1975, período em que deu aulas práticas de petrologia. Refere ainda o contexto do seu trabalho realizado em 1970, em Cabo-Verde que resultou da criação da Missão de Geologia de Cabo-Verde (1965-1975), pelo Professor António Morais Romão Serralheiro, com quem aprendeu muito sobre aspetos vulcanológicos e que transmitiu depois a outros colegas; estes trabalhos em Cabo-Verde foram interrompidos entre 1975-1979 por reestruturação dos serviços, e retomados em 1980. Luís Celestino menciona os estudos, ainda incompletos, da carta geológica da Ilha da Boavista e da Ilha de Santo Antão e o que falta concluir relativamente a este trabalho e possíveis entidades financiadoras para o projeto. Refere as consequências da extinção do Centro de Geologia do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT). Compara o trabalho de campo realizado antes e depois da independência das colónias; até 1975 o trabalho de campo era facilitado pela existência de uma infra-estrutura técnica de apoio à investigação. A prospeção e pesquisa de recursos hídricos são apontadas como aplicações da cartografia geológica de Cabo-Verde. Refere os trabalhos que atualmente o Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa realiza ao nível da cartografia geológica e a importância da atividade do Laboratório de Estudos Petrológicos e Paleontológicos do Ultramar e ainda do uso da fotografia como um documento fundamental de registo das observações feitas no terreno.
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